- Título: Tipo assim: nem losers, nem winners
- Autor(es): Mariana Cruz
- Instituição: Fundação CECIERJ
- Tipo: Educação Pública
- Data: 18/11/2008
- URL:
https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/8/44/tipo-assim-nem-losers-nem-winners
- Código do Recurso: 19338
- Descrição: Se para nossos avós as coisas "eram" ou "não eram" – não havia o meio-termo, o maniqueísmo imperava, tudo se dividia entre o certo e o errado, o “bom” e o “mau”, “o preto no branco” –, para os jovens de hoje nada “é” peremptoriamente, terminantemente, taxativamente: as coisas são "tipo assim" - um vício de linguagem hoje muito utilizado e criticado, até porque tal expressão, sob a ótica da língua culta, é visto como algo medonho, tipo assim uma muleta linguística que gramaticalmente não tem serventia alguma. Mas, do ponto de vista da comunicação, é bem interessante, pois, sob certos aspectos, mostra falta de certezas (“as certezas, meu deus, para que tantas certezas”): “eu gosto dele de um jeito, tipo assim, diferente”, foi o que escutei uma aluna dizer a outra. Como discorrer sobre um sentimento incomensurável como o amor de forma exata? Nem mesmo os mais astutos filósofos conseguiram realizar tal empresa: no mais famoso jantar filosófico, ficaram todos falando sobre o amor, comendo, bebendo e discutindo, e nada de conseguir definir de uma vez por todas tal nobre sentimento (Cf. em O Banquete, Platão). Sendo assim, nada mais justo que leigos refiram-se ao amor como algo “tipo assim”. Pronto: o emissor lançou sua incapacidade de definir em termos exatos seu sentimento, o receptor entendeu que se trata de uma coisa profunda, mas indeterminável (talvez por isso seja “tipo assim”). E fez-se a comunicação.
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