Versos que circulam

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  • Título: Versos que circulam
  • Autor(es): Hilan Bensusan
  • Instituição: Fundação CECIERJ
  • Tipo: Educação Pública
  • Data: 07/12/2010
  • URL: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/10/45/versos-que-circulam
  • Código do Recurso: 19851
  • Descrição: Faço versos de manhã
    quando acordo deslumbrado.
    Alguns versos faço sozinhos,
    outros surgem de montão.
    Quando os versos são sozinhos
    somem dentro entre os neurônios,
    que correm mais do que os versos
    e que carregam as palavras,
    que andavam todas grudadas
    por uma enorme inspiração,
    pelos cantos da cabeça
    ou as deixa no coração.
    No coração não há nada,
    só veias e barulhos.
    Ficam os versos desmilinguidos
    esperando outros neurônios,
    de outra manhã deslumbrada,
    levarem-nos de volta à casa
    abraçar alguma irmã.
    Os versos que surgem em muitos,
    ponho-os fora no papel;
    pelo Letes corriam neurônios
    e eles arrancam versos da mão.
    Ficam os versos espalhados
    entre os cantos do papel.
    No papel não há nada,
    só tintas e linhas brancas.
    Ficam os versos e seus sentidos
    esperando outros neurônios
    que puxem versos do papel.
    Só assim por fundos sulcos
    eles correm soltos entre ideias,
    viram corpos dentro de almas,
    apontam para gentes, lugares e tempos,
    saem ao léu mas cheios de planos
    vão a passeio de manhã.
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